terça-feira, 9 de outubro de 2007

1.2. A concepção do homem na filosofia pré-socrática

O primeiro autor representativo do pensamento antropológico é Diógenes de Apolônia, que traz a seguinte imagem do homem: [1]superioridade exaltada no homem sobre os outros animais, que se manifesta na estação vertical e na marcha, e no olhar voltado para o alto, mostrando assim, a aptidão do homem para a contemplação dos astros, revelando-se uma correspondência entre o olhar humano e a ordem cósmica (esta é uma fortuna da idade clássica – o fundamento religioso diante do kósmos) e; [2]celebra-se a habilidade das mãos (téchne) e a linguagem (logos). O homem possui uma estrutura corporal-espiritual cuja natureza se manifesta na cultura, através de suas obras. E possui seu coroamento na capacidade de ser um ser capaz de ordenar-se em si mesmo e capaz , de certa forma, ordenar o kósmos.
Diógenes – linha de transição entre:
Primeira filosofia pré-socrática que tem como problema da physis e a busca do princípio (arché) – movimento e vir-a-ser.
A individualidade do homem abriga-se na physis e na ordem do mundo.
O homem segundo a ordem da natureza expressa-se homologada entre a ordem do mundo e a ordem da cidade (macrocosmo e microcosmo).
No século V aC. O problema antropológico sobrepõe-se ao problema cosmológico na filosofia grega, fruto de duas reflexões filosóficas:
a) problema da educação (Paidéia); areté política sobre a areté guerreira.
b) Problema da habilidade ou sabedoria (sophía) que não encontra mais sua fonte na tradição e vê acentuar-se a técnica (téchne) e a intelectualidade (philosophía).
* Primeiras indicações destes problemas encontram-se em fragmentos de Heráclito de Éfeso (500 aC.).
Somente os Sofistas que irão consumar a inflexão antropológica da filosofia grega, na designação de sophistês que engloba o saber teórico e as habilidades práticas.. Foram eles que colocaram o problema da cultura (Paidéia) como problema maior da Filosofia. A origem e o desenvolvimento da cultura serão pensados em dois modelos:
a) modelo da decadência – mito de uma idade de ouro primitiva.
b) Modelo do progresso – passagem do estado de barbárie ultrapassado pela fundação das cidades (herói fundador) e pela invenção das técnicas (Primeiro inventor – prôtos euretés).
O homem e suas capacidades passam a ser objeto principal da filosofia.
A sofística ateniense formula as seguintes concepções ocidentais do homem:
a) O conceito de natureza humana (anthropinê physis);
b) O conceito de narração histórica pela investigação, seriação e julgamento dos fatos, na qual emergem a consciência do pluralismo das culturas (Heródoto) e se revelam e fins do agir humano em situações típicas (Tucídides);
c) A oposição entre a convenção (nómos) e a natureza (physis) na organização da cidade e nas normas do agir individual (origem as primeiras teorias do convencionalismo jurídico).
d) Individualismo relativista (primeiras formulações céticas do conceito de verdade).
e) A concepção de um desenvolvimento progressivo da cultura (mito de Protágoras, de Platão).
f) A análise do homem como ser de necessidade e carência (cultura supre a carência natural).
g) Idéia do homem como ser dotado de logos (zoôn logikón).

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