quarta-feira, 10 de outubro de 2007

1.3 A transição socrática

Sócrates, considerado o fundador da Filosofia Moral, já que introduz no campo das idéias antropológicas a idéia de personalidade moral, sobre a qual irá assentar todo o edifício da Ética e do Direito na nossa civilização. Como que Sócrates faz essa introdução?
Sócrates diz que o humano só tem sentido e explicação se referindo a um princípio interior, ou seja, uma interioridade presente em cada homem, a “alma” (psyché), mas agora com um nova significação, alma como sede da areté (excelência ou virtude).
A alma que gera a opção que orienta a vida segundo o justo ou o injusto – é a alma que constitui a essência do homem.
Traços da idéia socrática do homem:
a) a teleologia do bem e do melhor como via de acesso para a compreensão do mundo e do homem, e sobre a qual se funda a natureza ética da psyché (biografia de Sócrates transmitida por Platão (Fed. 96a-101c)).
b) Valorização ética do indivíduo – “conhece-te a ti mesmo” (Sócrates)* – necessidade de cura e cuidado com a vida interior – antropologia e espiritualidade.

* Interpretação socrática – investigação metódica (ironia, indução e maiêutica – 3 momentos do método socrático) leva à sabedoria e à verdadeira areté (teoria da virtude-ciência).

c) Primazia da faculdade intelectual – intelectualismo socrático – [1]exalta o homem como portador do logos e [2]coloca como fundamento humano a relação dialógica – homem zoôn logikón – [3]ultrapassa o utilitarismo sofístico com o finalismo moral com a noção de bem trazida pela areté.
*Também vemos a contribuição da medicina grega que influenciou os Sofistas e Sócrates, depois Platão e Aristóteles. A medicina grega reivindicou, contra especulações cosmológicas jônicas, um tratamento empírico, anatômico e fisiológico do corpo humano, devendo-se ver aí uma das origens da noção de “natureza humana” (he anthropinê physis).


Nenhum comentário: