sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A era SELF



"(...)Uma norma moral adotada por um indivíduo em relação a um outro não pode ser contraditória em relação àquelas que ele aplica a um terceiro, etc, nem em relação àquelas que ele gostaria que se observasse em relação a ele próprio. Tal é mesmo a significação essencial do universal moral: não é necessariamente a regra 'geral' (sabe-se, aliás, que em lógica o universal e o geral, de modo algum, coincidem), mas a coerência interna das condutas, a reciprocidade." (Piaget)


Não sou muito velho, mas sou do tempo que no interior,onde eu morava os barzinhos era chamados de "cachorrões', isto mesmo, C-A-C-H-O-R-R-Ã-O! Você está achando engraçado? É para rir mesmo!
Mas imaginem ou não, o point lá na vila era o jovem ir para o Cachorrão!
Vila? Isto mesmo! Hoje vila é considerado "coisa de pobre" repudiada até mesmo pelas pessoas mais simples e pobres! Ser chique é morar em Bairro!
Bom! Não percamos o fio da meada!
O tal do 'Cachorrão' originou-se do advento da salsicha! Isto mesmo! (O quê? Você continua rindo!?)
Na década de 80, lá no interior, é que o cachorro-quente tornou-se popular.
Aliás, meu irmão gosta de comer cachorro-quente, assim como eu, é claro! Mas semana passada fomos no Super (é agora não se diz mais bolicho; bolicho é do tempo da sua vó! *Para quem não sabe, bolicho é o que hoje chamam de mini-mercado!) comprar salsicha! A primeira discusão que tivemos aconteceu quando eu quiz comprar a salsicha 'Viena' que estava em promoção(R$1,00 mais barato!! Nesta crise econômica que vivemos, temos que economizar!) e ele queria comprar a 'Hot dog', que segundo ele, é a especial para cachorro-quente. Para solucionar o impasse, sugeri que lessemos os ingredientes, mas ao começar a ler, ele logo aceitou que nós comprassemos a 'Viena' com a condição de que eu parasse de ler a listinha de ingredientes. (Se você nunca leu, nem queira ler!)
Hoje tem pessoas que tem nojo de comer cachorro-quente!
Continuando...a palavra Cachorrão, deriva do lugar onde se vende cachorro-quente, sensação da década de 80 com o 'boom' da salsicha!
Hoje encontramos nas nossas cidades não mais 'Cachorrão', mas Self-Service de Cachorro-quente. Neste lugar não mais se come apenas o cachorro-quente com o molho de extrato de tomate, com tomate, cebola e farinha, com uma salsicha dentro e uma "listra" de katchup e mostarda. Neste SELF escolhemos o que queremos acrescentar de condimentos e molhos para preparar nosso gostoso cachorro-quente, para "os chiques" HOT-DOG!

O ponto crucial está no seguinte fato:
Desde crianças aprendemos a preparar o hot-dog com os recheios que mais gostamos, e claro continuamos tendo como principal da sua composição, a Salsicha!
Até mesmo neste mundo SELF onde nós mesmos podemos escolher tudo, auto-determinar o que queremos comer, a salsinha continua sendo o principal recheio do cachorro-quente, isto quer dizer, que tem valores que determinam algo que não deve mudar. Que graça teria chamarmos cachorro-quente de 'cachorro-quente' se a essência do mesmo, a salsicha, não mais existisse!?

Assim, caros leitores, quero que pensem: Por que então a vida do ser humano que é fundamentada em valores, está vivendo esta crise que cai no relativismo e na libertinagem? Será que não teriamos que voltar a valorizar a essência e os valores principais que geram a autonomia do sujeito (do 'EU')?

"Self-government?" Descobriremos o que é isto!!

...continua!

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo plenamente com o que você falou! E acrescento, que atualmente as pessoas perderam o sentido da palavra "valor". Não existe mais um "meio termo". Antigamente pensavamos de uma maneira e hoje para não repetir velhos erros nos tornamos escravos da modernidade. As vezes me pergunto: Quem ainda da valor a um belo dia de sol? Ou a uma noite refrescante de chuva? Quem hoje em dia conhece uma criança que espera a vez de falar? Ou diz "por favor"? Dificilmente vemos um adulto relembrando passagens significativas e importantes de sua vida ou de seus familiares. O que sinto hoje em dia é uma grande transferência de responsabilidades e uma enorme perda da identidade. Seria bom termos uma nova visão, através do confronto entre o passado e o presente, e por meio de uma nova mentalidade, buscar a virtude mediana(nem 8 nem 80), desenvolvendo asssim, sólidos valores.

Dinair
Especialista em Gestao e Planejamento Escolar/Pedagoga